quinta-feira, 24 de junho de 2010

João Aguiar

Há alguns dias ao folhear um jornal atrasado constatei que João Aguiar nos tinha deixado. A partir de agora só poderemos rever a sua obra.
Foi para mim, um dos escritores mais importantes das últimas décadas e fui leitor assíduo e apaixonado das suas crónicas denunciando os podres da nossa sociedade.
No seu livro “O Priorado do Cifrão” um dos personagens, Adriano, conversa com outro, Miguel, discorrendo acerca do que poderia classificar como os falsos paradigmas da modernidade: “ …a nova Idade das Trevas, que é como quem diz, da ignorância.” …………..”Dei como exemplo as criancinhas que deixaram de saber fazer contas por causa das calculadoras de bolso. Dei como exemplo o excesso de informação e o seu baixo nível.” “Você conhece o ditado: «Pouca cultura é pior que nenhuma.»”………..”Veja você a terrível vulnerabilidade das massas, a que os políticos chamam povo soberano quando querem dar graxa: mostra-se-lhes um livreco, um filme uma suposta reportagem televisiva e o pessoal acredita em tudo, abre a boca saloiamente e papa toda a trampa, mesmo que não haja a mínima seriedade, o mínimo rigor no material que lhe enfiam pelas gargantas abaixo. Também é verdade que, na sua grande maioria, as pessoas esquecem depressa, passam logo à próxima excitação, que é tão epidérmica como as anteriores.”
É uma crítica mordaz e oportuna que além de se aplicar à sociedade em geral descreve muito bem o que se passa em educação. Aliás é nas escolas que se está a formar o “povo soberano”.

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