quinta-feira, 24 de junho de 2010

João Aguiar

Há alguns dias ao folhear um jornal atrasado constatei que João Aguiar nos tinha deixado. A partir de agora só poderemos rever a sua obra.
Foi para mim, um dos escritores mais importantes das últimas décadas e fui leitor assíduo e apaixonado das suas crónicas denunciando os podres da nossa sociedade.
No seu livro “O Priorado do Cifrão” um dos personagens, Adriano, conversa com outro, Miguel, discorrendo acerca do que poderia classificar como os falsos paradigmas da modernidade: “ …a nova Idade das Trevas, que é como quem diz, da ignorância.” …………..”Dei como exemplo as criancinhas que deixaram de saber fazer contas por causa das calculadoras de bolso. Dei como exemplo o excesso de informação e o seu baixo nível.” “Você conhece o ditado: «Pouca cultura é pior que nenhuma.»”………..”Veja você a terrível vulnerabilidade das massas, a que os políticos chamam povo soberano quando querem dar graxa: mostra-se-lhes um livreco, um filme uma suposta reportagem televisiva e o pessoal acredita em tudo, abre a boca saloiamente e papa toda a trampa, mesmo que não haja a mínima seriedade, o mínimo rigor no material que lhe enfiam pelas gargantas abaixo. Também é verdade que, na sua grande maioria, as pessoas esquecem depressa, passam logo à próxima excitação, que é tão epidérmica como as anteriores.”
É uma crítica mordaz e oportuna que além de se aplicar à sociedade em geral descreve muito bem o que se passa em educação. Aliás é nas escolas que se está a formar o “povo soberano”.

domingo, 20 de junho de 2010

sábado, 19 de junho de 2010

UMA AVENTURA NA ESCOLA

Era uma vez um país onde uma quadrilha indocente fazia mal aos pequenos que não se portavam bem nem estudavam impedindo a sua progressão.
Mas em seu socorro veio uma heroína resplandecente, senhora sorridente e partidária do diálogo desde que as conclusões sejam as dela, que logo interpõe entre uns e outros um exame cuja facilidade se começa a adivinhar.
Acho que é mais ou menos assim que o próximo titulo se vai desenvolver.

domingo, 13 de junho de 2010

O ESTADO DA EDUCAÇÃO EM PORTUGAL

Realizou-se no dia oito de Junho, no auditório José Saramago da Escola Secundária de Bocage, um debate sobre o estado da educação em Portugal.
Estiveram presentes os Professores Nuno Crato e Paulo Guinote. Por motivos alheios à sua vontade, o Professor Medina Carreira não pôde comparecer.
Na mesa, encontravam-se ainda a directora da Escola Secundária de Bocage, Maria José Miguel, e o dinamizador desta iniciativa e moderador do debate, João Paulo Maia, professor na mesma escola.
O moderador lançou como mote o facto de, na situação actual, parecer ser dada grande relevância à avaliação dos professores, em oposição à medição da aprendizagem dos alunos.
Nuno Crato considerou que a avaliação dos professores é importante, assim como a dos alunos, dos directores, das escolas e de todas as organizações. No entanto, é impossível avaliar os professores e não avaliar os alunos, para o que serão indispensáveis os exames. Não obstante, os exames quase não existem, pois para cerca de vinte disciplinas, no ensino básico, em nove anos, são efectuados apenas dois exames , que valem trinta por cento.
Estamos, por isso, a assistir a um abaixamento de nível de ano para ano e aproximamo-nos do ponto de não retorno.
Outro assunto referido foi a selecção de professores. Presentemente, muitos dos docentes mais velhos e experientes, cansados do ambiente que se vive na educação, estão a aposentar-se, o que leva à perda de referências. No processo que promove a sua substituição, o sistema não dá preferência aos candidatos mais bem preparados, pois o único critério de entrada na profissão tem em consideração a classificação, apenas, promovendo, assim, a frequência de cursos em instituições que atribuem as classificações mais elevadas . É urgente introduzir um exame de entrada na profissão que seleccione os melhores e que ponha em causa as instituições de formação de professores que mais facilitam.
Maria de Lurdes Rodrigues prometeu-o, mas não cumpriu. Isabel Alçada já está no ministério há tempo suficiente e ainda não o fez.
Seguiu-se no uso da palavra Paulo Guinote, que acerca do recente regime de excepção que, para os alunos do oitavo ano com idade superior a quinze anos que ficarem retidos, estabelece a possibilidade de efectuarem exames do nono ano de modo a poderem transitar para o décimo ano, referiu que os efeitos práticos desta medida serão quase nulos. No entanto, importa a mensagem que se transmite.
Nuno Crato acrescentou que, curiosamente, esta não é uma oportunidade que se dá aos bons alunos que eventualmente estejam em condições de saltar um ano. É uma oportunidade que se dá aos maus alunos, que, muito possivelmente, ao serem integrados numa turma do décimo, não conseguirão acompanhar as matérias leccionadas.
Paulo Guinote comentou ainda a falsa associação entre elitismo, avaliação, insucesso e exclusão usualmente usada pelos “teóricos” para criarem um sentimento de culpa nos professores.
Considerou que incluir a todo o custo, baixando o nível de preparação , redundará numa futura exclusão social. É com elitismo e exigência que se apetrecha o indivíduo para uma inclusão efectiva na sua vida adulta.
A assim designada educação para a cidadania está a revelar-se um processo falhado, já que a escolaridade de nove anos não significa a realização do nono ano, mas somente a permanência na escola durante nove anos.
Os resultados dos exames e provas de aferição têm vindo a ser mistificados através de mudanças de critérios e de exigência, pelo que os resultados alcançados ao longo do tempo não são comparáveis. Exemplificando, Paulo Guinote afirmou ter, este ano, verificado que, em cinquenta provas de aferição, metade dos alunos não soube ordenar por ordem alfabética seis palavras que começavam pela mesma letra. Aparentemente, à semelhança do que se passa com a tabuada na matemática, alguém decidiu que a memorização do alfabeto era uma sobrecarga para as pobres memórias e um anátema para a língua portuguesa.
No entanto, os defensores da progressão automática têm um discurso muito bem organizado e são especialistas em fazer com que quem defende a avaliação externa dos alunos se sinta mesquinho.
Trava-se uma autêntica guerra de desgaste, pois os professores que não aderem ao facilitismo vêem-se perante a desistência ou a aposentação.
Após as intervenções, seguiu-se um debate em que se referiu a conveniência de não confundir taxa de aprovação escolar, um instrumento administrativo, com sucesso escolar, construção real e efectiva do conhecimento, sendo necessário consciencializar e responsabilizar os encarregados de educação pelo comportamento e aproveitamento dos seus educandos.
Foi ainda referido que as ideias pedagógicas que tocam o absurdo podem não influenciar a prática pedagógica dos professores, mas que sem dúvida a desorganizam. Quanto aos relatórios P.I.S.A., muito citados pela tutela, é importante mencionar o deste ano, que mencionava que de nada serve aumentar o número de anos de escolaridade se não se melhorar a qualidade das aprendizagens.
Foi também abordado o tema dos mega agrupamentos e do gigantismo das nossas escolas, pois os países o fizeram já todos inverteram o processo, sendo a tendência actual a de escolas com cerca de meio milhar de alunos.
Tentei não atraiçoar o que se passou nesta sessão. Não sei se o consegui, mas interessa acima de tudo realçar que foi mais um momento alto em prol da educação com rigor, exigência e competência. Sem dúvida, uma demonstração de cidadania, empenho, intervenção e algum sacrifício que temos que agradecer e apoiar. Aliás, apoiar não, mas sim intervir, pois não podemos ser messiânicos e esperar que sejam os outros a travar as nossas guerras.
Assim, o nosso obrigado ao João Paulo Maia pela iniciativa, à Escola Secundária de Bocage pelo acolhimento e ao Nuno Crato e ao Paulo Guinote pela presença.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Não estamos sós.

Há muitos anos, quando era pequeno e já era preguiçoso, antes de adormecer sonhava acordado com uns extraterrestres que na sua exploração do universo aqui chegavam.
Pertenciam, claro, a uma civilização muito mais adiantada e tinham métodos para aprendermos tudo, sem esforço, enquanto dormíamos, de preferência, poupando-nos às dificuldades. Claro que não sonhava no plural mas sim no singular obtendo assim uma vantagem apreciável sobre o resto da humanidade.
Infelizmente a realidade foi bem diferente e cada vitória teve de ser obtida com esforço e perseverança prescindindo em muitos momentos do agradável e superando o desagradável.
Tornei-me céptico, e se bem que admitindo a possibilidade de existência de vida noutros pontos do universo, sempre pensei que mesmo havendo civilizações mais avançadas estas enfrentariam os mesmos desafios e as mesmas dificuldades que nós no que respeita à exploração espacial reduzindo a zero a probabilidade de encontros de terceiro grau.
Uma vez professor compreendi que, independentemente das matérias que leccionasse o principal era transmitir aos alunos a capacidade de fazer esforço, persistir e superar as dificuldades (o que não se faz sem muitos conteúdos).
Ainda me delicio, e já repeti, ao ver os filmes M.I.B.(Men in Black) I e II, em que uma organização secreta protege a terra dos extra terrestres ocultando a sua existência e recebendo muitos que vivem entre nós, uns gente vulgar, outros gente famosa e conhecida.
Mas, voltando à escola e à educação: Lógica de ciclo, retenção como excepção e progressão como regra, ensino centrado no aluno com responsabilização do professor pelo que o aluno não fez, plano de acompanhamento, plano de recuperação, prova de recuperação, estatuto do aluno, aprendizagem lúdica, trabalho colaborativo, plano anual de actividades, projecto educativo de escola, dossiê vs portfólio, cursos de educação e formação, cursos profissionais, , novas oportunidades, em poucos meses a certificação de vários anos, licenciaturas de aviário, universidades independentes e outras, escolas superiores de educação, roberto carneiro, ana benavente, maria de lurdes Rodrigues, valter lemos, jorge pedreira, Rowan Atkinson como ministro da educação não sei se no papel de Mr Bean ou de Black Adder, josé sócrates e muitos, muitos outros para os quais cometo uma injustiça ao esquecer-me deles….
Afinal, aqueles filmes, M.I.B. I e II não são ficção, são uma grande reportagem. Finalmente compreendi. Não. Não estamos sozinhos no universo!