segunda-feira, 4 de outubro de 2010

RESTAURAÇÃO

Vivemos numa república cada vez mais parecida com uma monarquia, embora sem monarca fixo, precisamente aquela cuja queda se comemora e se deu à cem anos.
Tornou-se num regime que premeia os que melhor batalham participando no saque e efectuando razias não contra o inimigo mas contra os aldeãos. Ou será que estes são o inimigo?
Os condados e ducados foram substituídos por institutos e fundações que em nome do povo o sugam alegremente. A espada foi substituída pela legislação, e com ela se furta na maior das legalidades.

domingo, 3 de outubro de 2010

SEDITIONE

Este é o ano, das comemorações do centenário da implantação da república.
Pretende-se enaltecer as virtudes desta e consequentemente as daqueles que a governam pois estes acreditam que o cargo confere a competência e que os vícios do indivíduo serão tomados por virtudes do governante.
Mas o que é que realmente se comemora?
Na realidade comemora-se a revolta e a sedição contra a legalidade instituída. Não nos esqueçamos que uma revolução é sempre um acto, por definição, ilegal. Vai contra a lei e substitui as instituições, e claro, as pessoas quase sempre votando algumas ao exílio.
Na génese de uma revolução encontramos sempre uma contradição ou pelo menos um dilema pois os fundamentos de uma revolução são os mesmos da que se lhe seguirá.
Tanto os revoltados como os apoiantes do poder consideram que a sua posição é a legitima.
Será que lei e legitimidade são sinónimos?
Aparentemente comemoramos um acto de cidadania contra a ilegitimidade da legalidade.

A NOVA PRAGA

Nos tempos bíblicos o senhor castigou o povo do Egipto com as pragas.
A nova praga dos tempos modernos está aí. É o castigo que merecemos pela nossa falta de intervenção ou melhor pela falta de revolta, aliás pela falta da sua concretização em actos de sedição.
A nova praga está aí. Está no governo e na administração local. Está nas instituições e nos institutos. Está nas empresas públicas e público privadas e de alguma forma em muitas privadas que o são menos do que deviam.
Ela suga-nos e culpa-nos a todos por partes embora afirme sempre que procura soluções e não culpados.
Antero de Quental já falava da canalhocracia. Penso que evoluímos, e muito, chegando finalmente no dealbar do século XXI a uma verdadeira escumalhocracia.