segunda-feira, 26 de abril de 2010

O ataque às corporações.

Numa conversa com um amigo de longa data ouvi que apesar das sucessivas tentativas de remodelação de sectores públicos como a educação, a saúde ou a justiça a eficácia da resistência das respectivas “corporações” anulava qualquer tentativa de pôr as coisas nos eixos.
Salazar ri-se na tumba. Conseguiu um estado corporativo que a revolução não anulou.
Concordei embora com alguma reserva talvez corporativa quem sabe. As mudanças são sempre difíceis e suscitam resistência, concordo.
No entanto o assunto ficou-me na cabeça.
Mas realmente o que é que se passa?
O “ataque às corporações deve constituir em cada uma delas uma revolução, “REVOLUTIO”, no bom sentido, isto é, mudar e substituir por algo melhor. Uma nova ordem sim, mas melhor.
Obedecendo aos três pontos referidos na publicação anterior “Apontamentos de Cultura Clássica”.
Ora poucos são capazes de conceber algo que realmente substitua para melhor.
Aliás há vinte ou mais anos que em educação e noutros campos se confunde mudança com inovação. Vive-se na crença de que tudo o que é tradição está errado e deve ser substituído por um qualquer modelo pseudo cientifico quase sempre baseado em estatísticas.
Mas voltemos às corporações.
Os recentes ataques a estas, leia-se classes profissionais, não constitui uma “revolutio”, não apenas por falta de capacidade dos seus mentores mas porque esse não é o seu objectivo.
Sob a capa de inovação pretende-se mudar, sim, mas apenas para distrair a atenção do público criando bodes expiatórios para apenas encobrir as asneiras e aldrabices de uma nova casta, leia-se CORPORAÇÃO, a dos dirigentes políticos que nunca tiveram outra actividade, pelo menos exercida com mestria.
A sua única ocupação e o seu único emprego é a politica. Não são bons professores, advogados, engenheiros ou economistas.
Tiraram um cursozeco, ou melhor arranjaram um diploma numa qualquer universidade de décima categoria, e há várias por aí, e a sua experiência é politico partidária.
Não são ministros ou secretários de estado por um tempo limitado e por dedicação à causa pública, são-no por uma questão de sobrevivência e põem a função pública não ao serviço do estado ou da nação mas ao seu serviço e da sua carreira.

E ficou....

sábado, 24 de abril de 2010

REVOLUTIO

CULTURA CLÁSSICA

Padre Manuel Antunes, Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa

17 de Janeiro de 1972

Politologia: Este termo designa uma ciência com três aspectos distintos.

1- Analisa os factos políticos e as leis que regem esses mesmos factos (Empiria).
2- Como Filosofia Politica analisa a essência, a significação e o sentido da organização e do poder político.
3- Como metafísica política analisa a essência, significação e o sentido do poder politico em relação à transcendência.
No tempo de Augusto tentava-se justificar a “Revolução Romana”. Contudo interessa-nos definir o conceito de REVOLUÇÃO no seu duplo aspecto de génese e evolução do conceito, e de estrutura.
REVOLUÇÃO deriva de REVOLUTIO do verbo revolvere, revolver.
Até Copérnico, o termo “revolutio” era quase exclusivamente empregue em astronomia, e servia para designar o movimento dos planetas.
Durante o renascimento a palavra começa a ter uso nas pequenas repúblicas italianas para designar mudanças, por vezes radicais, que ocorrem nessas repúblicas.
No século XVII, o termo vai designar as mudanças ocorridas nos grandes estados, especialmente na Inglaterra (1648 e 1688). No século XIX o vocábulo quase só se usa na ciência política e na Filosofia Politica. É no século XX que REVOLUTIO, (revolução) atinge extraordinária amplitude.
A “Revolução” implica em si mesma e por si mesma, fundamentalmente, uma transformação pela base em qualquer campo da realidade transmutável.
Em primeiro lugar, e no que diz respeito à politica, uma revolução não é um simples golpe de estado. Em segundo lugar não é um simples “pronunciamento”. Terceiramente, não é uma simples revolta. Por último, não é uma insurreição.
Revolução, no campo político e social, é uma transformação radical que implica:
1- Um projecto de alteração pela base do regime ou da ordem vigente.
2- São necessários meios para realizar essa alteração: Ideologia, força e um programa.
3- Uma organização em instituições adequadas.

E claro, está implícita nestes três enunciados a noção de qualidade num sentido de melhor e não no sentido neutro que muito se usa actualmente quando se quer iludir.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

A lei da escola segundo o eduquês

Não resisto a transcrever este artigo da autoria de Guilherme Valente e publicado, se não me engano, no dia 20 de Abril de 2010 no Público.


“1. Contra o silêncio e a indiferença, é preciso dizer que as duas mortes agora acontecidas são extremos dramáticos, picos na violência que cresce em muitas escolas públicas. Mas nem estes casos extremos obrigaram o eduquês a mudar o discurso:
No caso do docente de Sintra, a DREL terá colocado psicólogos na turma em causa “ com medo de que haja um sentimento de culpa”. E não deveria haver? Não é esse o único sentimento aceitável, o mínimo que na circunstância se deve esperar? Não deve esse sentimento ser mesmo suscitado em todos aqueles jovens e nos responsáveis da escola e do ministério? Ou a escola deixou de ser, de repente, a tão badalada “comunidade educativa”?
Trata-se de jovens que são na sua generalidade bons alunos e que não podem transportar na sua vida uma situação de culpa que os pode vir a condicionar pela negativa”, disseram.
Nem mesmo a morte obriga o eduquês a pôr a mão na consciência. Ou será que estas mortes devem ser atribuídas à natureza?
2. Também Daniel Sampaio (D.S.) escreveu o inimaginável sobre o assunto (Pública do dia 14 de Março).
Apesar de conhecermos as suas ideias, lemos com perplexidade o que seguramente terá indignado a generalidade dos pais que diariamente são obrigados a deixar os filhos nas escolas públicas e dos professores que nelas resistem ao intolerável.
“Querer uma escola controlada pela polícia [quem é que alguma vez defendeu isso?] em que ninguém possa desobedecer ou contestar as regras, é acabar de vez [pasme-se!] com esse território de liberdade segura que caracteriza o nosso sistema educativo (…)”.
Mas vale a pena continuar a citar D.S.: “É que há em todas as escolas comportamentos que podem ser considerados violentos, mas que não são bullying [ cabe ao especialista, portanto, dizer se é dor a dor que eu sinto – meu Deus!]: a escola reproduz a sociedade [a escola do eduquês sim, até agrava mesmo o pior da sociedade; a boa escola que queremos, pelo contrário, enfrentaria o que na sociedade não é desejável] e esta não é serena [serena?], por isso são frequentes as piadas, as troças e até um insulto passageiro ou um empurrão, sem que isso seja muito grave.”
Passaria por humor, não fosse experiência de medo de tantos jovens, a preocupação de tantos pais, o receio de tantos professores, relatados todos os dias pela comunicação social. Gostaria de saber em que escola estudaram os filhos de D.S.
E, a seguir, D.S. prescreve a receita fácil para o caos…que também ele próprio, porventura sem se aperceber, tem ajudado a instalar.
Eu sei que o psicólogo é D.S., mas desta vez sou eu a fazer o diagnóstico: continuamos perante uma estranha dificuldade do homem inteligente que é em ver a realidade. Quanto à cura, sinceramente, gostaria de não perder a esperança de boas notícias.
3. Estes textos, chocantes, nas circunstâncias quase pornográficos, são, como outros tantos do mesmo teor, exemplos reveladores: o eduquês gosta da indisciplina, e, assim, vai encorajando a sua manifestação.
E assim vão fazendo o seu tricot teórico os mais ou menos discretos companheiros de jornada do eduquês, ajudando, voluntária ou ingenuamente, a impor à escola má que todos os dias atira para a ignorância, a desqualificação, o abandono e a exclusão gerações e gerações de crianças dos estratos sociais mais desfavorecidos, agravando assustadoramente as desigualdades, privando-as do ascensor cultural e social único que um bom ensino público – condição da sociedade civil – seria para elas.
Quem disse ser preciso mito tempo para se verificar o resultado do que se faz na educação?
Acolhidas e cultivadas na escola do eduquês, a ignorância e a violência explodem na sociedade. Mas não era isso o que o eduquês pretendia?” Editor da Gradiva

Os interesses dos menores.

Há quem pense que os interesses dos educandos são os seus interesses imediatos. Nada mais errado em educação. São os adultos que definem os interesses dos menores e os verdadeiros interesses não são imediatos.
Aliás uma das principais tarefas do educador consiste em proteger o menor das suas próprias decisões.

terça-feira, 20 de abril de 2010

As árvores morrem de pé.


Estatuto do aluno?

Indisciplina, bullying e desresponsabilização. Parece que vem aí um novo estatuto do aluno. Espero estar enganado mas não prevejo nada a não ser papel para os professores preencherem.
E sobre isto, há algum tempo ao falar com um antigo representante dos Encarregados de Educação no Conselho Pedagógico ouvi o que é lógico: “Estatuto do aluno? Mas o que é isto? Assim não vamos a lado nenhum. Aluno não tem de ter estatuto tem de obedecer.” Foram as palavras deste E.E. Sábias por sinal.

sábado, 17 de abril de 2010

Os objectivos

Diário de Noticias de 15/04/2010 Secção: País, pág. 18

Imposição de mínimo de multas pode ser inconstitucional.

….A dúvida é levantada por Jorge Bacelar Gouveia, constitucionalista e ex-presidente do Observatório de Segurança Interna, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT).
“ A constituição consagra que qualquer pessoa tem direito à progressão na carreira através de factores que dependam dele e do seu trabalho. Querer avaliar um polícia pelo número de multas ou de detenções que efectua levanta-me dúvidas acerca da constitucionalidade da medida porque realizar ou não os objectivos definidos não depende dele mas do comportamento de terceiros. E se não houver carros mal estacionados ou ninguém roubar? Ele é castigado porque as pessoas se portam bem?" Questiona este catedrático de direito e deputado do PSD.
Bem. No caso dos professores querem castigar-nos por os miúdos se portarem mal.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Praça de Portugal em Setúbal


Pensamento

Estamos num país em que Rowan Atkinson, ou um seu sósia, foi ministro de educação. Não sei se no papel de Mr. Bean ou de Black Adder.

Definição 2

Estudante: Aquele que estuda, que observa os comportamentos apropriados na sala de aula e cumpre as suas obrigações escolares com perseverança e empenho.

Definição 1

Aluno: Estatuto administrativo adquirido pelo individuo que é matriculado num qualquer estabelecimento de ensino.

sábado, 3 de abril de 2010