domingo, 28 de fevereiro de 2010

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Potestas vs Autoritas, continuação.

O professor sabe daquilo que ensina, já cresceu e detêm a autoridade que provem do saber, isso é um dado adquirido, é uma condição necessária para ser professor, mas não é isso que está em causa.
O que falta é o poder que permite obter os comportamentos em tempo útil.
O professor tem de ser obedecido prontamente e não precisar de passar o tempo a mandar calar, sentar, etc.
O saber e o bom exemplo podem dar ao professor autoridade perante os alunos mas não o reconhecimento da necessidade de aprender, o que com a impunidade “inevitável” para os actos destes faz com que a sala de aula não seja um local de aprendizagem. Aliás sem um bom ambiente nem sequer o professor consegue fazer o que lhe compete, ensinar.
É ao nível das relações entre adultos que a autoridade está mais relacionada com o saber embora a sanção também possa estar presente.
Não é aceitável que um superior hierárquico não saiba mais do que o seu subordinado no que respeita aos assuntos profissionais, mas não basta saber mais, é necessário que esse saber seja correcto e adequado.
Não basta que o superior enuncie leis e regras, é necessário que estas estejam correctas e sejam adequadas.
Infelizmente, encontramos nos mais variados sítios, escolas inclusive, quem tente passar que 2+2=5 se isso estiver escrito num qualquer despacho ou lei, e que estão convencidos que o poder e a autoridade administrativa lhes dão também o saber.

O vaidoso

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Potestas vs Autoritas

Retomando o tema do poder o enunciado completo é “O saber é uma forma de poder de quem o detêm sobre quem o deseja.” E já agora, está disposto a fazer o esforço necessário a….
Autoridade deriva de autoritas que vem do verbo augere, que significa fazer crescer, aumentar.
Poder deriva de potestas que vem de potis que significa senhor de, que exerce o poder sobre.
Quando é que estes dois conceitos se fundem e quando é que se confundem? E quando é que se devem fundir e quando é que se devem separar?

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Estou de trombas.


Poder

Refiro usualmente que o principal problema da escola é a falta de poder dos professores enquanto adultos, sobre os alunos.
Para meu espanto muitas vezes tenho como resposta de colegas frases como “É claro, mas não é o poder, é a autoridade que resulta da competência, do saber, do exemplo.” Ou “ O saber é uma forma de poder.”.
Confesso que estas afirmações me espantam e me põem de trombas.

Não param de me espantar

Hoje numa turma do secundário após ter mandado calar os alunos várias vezes um deles, o Alexandre, reiniciou e falava animadamente com um colega obrigando-me a levantar a voz para explicar um exercício.
Alexandre, cala-te!
O Alexandre para, olha para mim, olha para o colega, torna a olhar para mim e dispara: Espere aí…..

É um espanto, não é?

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O Estranho caso Demchenko

No ano lectivo 2006/2007 uma aluna russa, Anna Demchenko, frequentou o 10º ano na Escola Secundária Dom Manuel Martins em Setúbal ao abrigo de um programa denominado Interculturas com a duração de um ano, pelo que deveria fazer o 11º ano na Rússia.
Ficou colocada numa turma de artes, com Matemática B.
Rapidamente ultrapassou as dificuldades linguísticas e durante o mês de Outubro a professora ouvia, “já dei”…….
Em Novembro ao “já dei” juntou-se o “ para o ano volto para a Rússia e quero fazer o 11º ano, se não estiver em condições obrigam-me a ficar no 10º e eu não quero atrasar os estudos".
Foi decidido dar apoio à aluna e esta tarefa acabou por ficar a cargo da própria professora.
A aluna telefonou à mãe que lhe enviou um CD com o livro de exercícios do 10º em PDF.
Embora em russo, a linguagem matemática utiliza símbolos universais o que facilitou a tarefa à professora.
Um professor que estudou na Rússia e a própria aluna somaram conhecimentos e as barreiras linguísticas não se fizeram sentir.
Todos os exercícios, e eram centenas, foram resolvidos tendo as matérias e os procedimentos sido bem assimilados pela aluna.
E surpresa! Aproximadamente um terço da matéria abordada, talvez mais; Trigonometria, racionalização de denominadores, cálculo algébrico com funções racionais; tanto em quantidade de matéria como no seu grau de dificuldade e aprofundamento constituíam aproximadamente um terço da matéria que leccionei de 1982 a 1996 no antigo 12º ano quando o horário dos alunos era de 12 horas.
Bem! E qual a necessidade de registar e relatar este acontecimento?
A acreditar nos nossos pseudo pedagogos e decisores deseducacionais o sistema de ensino russo é com certeza apenas dirigido às elites, não sendo universal nem gratuito, pois para estes néscios a democratização do ensino implica a sua menor exigência.
Pelo menos assim nos querem fazer crer.

Matematica 10

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Regionalização

Confesso que desde que ouço falar em regionalização sinto um certo mal-estar. A ideia de mais um patamar administrativo aflige-me, associo-lhe mais burocracia e mordomias e mais lugares para políticos.
Finalmente mudei de ideias. Estava enganado e tornei-me defensor da regionalização. Regionalização sim, mas com outro conceito desta.
Depois de nos mais variados domínios ter sido bombardeado com “inovação”, mas inovar não é apenas mudar contrariamente ao que muitos pensam, fez-se luz no meu pobre espírito. Neste século em que vamos de Monção a Faro em pouco mais de seis horas sem andar fora da lei e temos comunicações quase instantâneas continuamos a ter uma administração local que remonta aos tempos em que atravessar qualquer conselho demorava pelo menos um dia às costas de um asno. Um aparelho medieval que remonta à era das trevas.
Por altura do referendo falava-se se não me engano em dez regiões que se me afiguravam muitas. Não hesito agora em prescrever umas trinta, extinguindo de vez os municípios e emulando uma saudável competição entre autarcas para ver quem fica.
A municipalidade sai cara.

Coruja

Escola/Empresa

Está na moda estudar a escola como uma empresa no que respeita à sua organização colocando como objectivo desta a satisfação do cliente.
Nesta perspectiva o aluno tem sido colocado na situação de cliente.
Este é um erro básico e partindo de um erro se houver coerência chegar-se-á a outro erro.
Quando se tenta aplicar modelos sociológicos é necessário verificar que é possível aplicar os conceitos e definições do modelo em causa.
Sem complicar, vou a um café e apetece-me uma bica, peço-a, consumo-a e pago-a. Sou um cliente. Ninguém me obrigou a consumir.
Então vamos à escola.
Ensino obrigatório pago pelo adulto, através dos seus impostos e consumido ou não pelo discente. Hum…obrigatório.
O que mais se aproxima da noção de cliente é o adulto que coloca na escola o seu educando para que este se valorize (consuma) e possa ter uma vida melhor. Mas muitos apenas os colocam na escola porque a isso são obrigados.
E o aluno? O aluno pode ser um consumidor ou quando muito um frequentador. E em qualquer dos casos pode ser voluntário ou forçado.
Então temos:
Consumidor voluntário; o estudante por excelência, comporta-se adequadamente em grande parte por moto próprio.
Consumidor forçado; não perturba e observa os comportamentos adequados porque senão a vida corre mal em casa. Ainda cabe na noção de estudante.
Frequentador voluntário; gosta do convívio na escola mas como o anterior não criou o gosto pelo esforço. Pode perturbar as aulas com alguma frequência.
Frequentador forçado; gosta do convívio mas é um marginal na escola. Em muitas escolas são muitos e grande parte destes tem comportamentos sociais desviantes.
Haveria muito mais a dizer sobre esta taxonomia mas…
Não parece haver realmente um cliente.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Flor

Estado, Nação e Função Pública

De tempos em tempos ouvimos novas sobre o peso do estado na sociedade civil.
Uns vêem aí a causa dos males da economia que sufoca esmagada pelo estado, outros demonstram que o nosso estado tem menos funcionários que nos países nórdicos.
E afinal quem tem razão?
Em primeiro lugar não convêm confundir o estado com a função pública.
Em segundo devemos pensar acerca de quem esta deve servir. Parece-me sensato afirmar que esta deve servir as pessoas.
Ora é aí que está o problema. O que se passa é que a nossa classe politica tem produzido ao longo dos anos legislação que faz com que toda a função pública trabalhe para os políticos e não para a nação.
Há projectos e obras não porque realmente sejam necessárias ou adequadas mas porque são currículo político sendo passíveis de dar votos.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Homem de um só parecer,
um só rosto, uma só fé.
Dantes quebrar que torcer.
Esse, tudo pode ser.
Homem da corte, não é.

Sá de Miranda